sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

A aposta de pascal é ridícula!

Antes de qualquer comentário aqui, e como santo de casa não faz milagre (heheh), vejam o vídeo abaixo e considerem por si mesmos os argumentos contra essa ridícula proposta de Pascal, para não dizer infantil (como se fosse surpresa alguma proposição de cunho religioso não ser infantil).


Agora leiam o texto abaixo.



REFUTAÇÃO DA APOSTA DE PASCAL

de Theodore M. Drange


O argumento (chamemos-lhe "AP") pode ser formulado como se segue:
(a) Se Deus existe, então quem não acreditar nele acabará sendo atormentado eternamente ou pelo menos aniquilado.(b) Se Deus existe, então quem acreditar nele ganhará vida eterna.
(c) Se Deus não existe, então não importa se as pessoas acreditam nele ou não.
(d) Consequentemente [de (a)-(c)], os não-teístas estão a correr um risco grave. No mínimo, o benefício esperado da situação da sua crença é infinitamente pior do que o dos teístas.
(e) Mas os não-teístas têm a possibilidade de auto-induzir a crença teísta.
(f) Portanto [de (d) & (e)], todos os não-teístas deviam mudar as suas crenças e tornar-se teístas.
Eis algumas objeções à AP:
  1. É possível provar que Deus não existe. Por isso, as premissas (a) & (b) da AP são discutíveis ou irrelevantes.
  2. Não há boa razão para acreditar na premissa (a) da AP, e existem muitos teístas que a negariam. Além disso, se essa premissa fosse verdadeira, então isso serviria de base para o Argumento da Descrença, que é um argumento forte para a não existência de Deus. Assim, a premissa dada é fraca e conceptualmente problemática.
  3. Segundo a Bíblia, para a salvação requer-se mais do que a mera crença em Deus. A pessoa também precisa de acreditar no filho de Deus (Marcos 16:16; João 3:18, 36; 8:21-25; 14:6; Atos 4:10-12; 1 João 5:12), arrepender-se (Lucas 13:3, 5), nascer de novo (João 3:3), nascer da água e do Espírito (João 3:5), acreditar em tudo o que está no evangelho (Marcos 16:16), comer a carne de Jesus e beber o seu sangue (João 6:53), ser como uma criança (Marcos 10:15), e fazer boas obras, especialmente para as pessoas necessitadas (Mateus 25:41-46; Romanos 2:5-10; João 5:28-29; Tiago 2:14-26). Portanto, a premissa (b) da AP não é verdadeira em sentido geral, pelo menos no que diz respeito à Bíblia. E, além disso, à parte da Bíblia, não há qualquer razão para acreditar nessa premissa. Assim, a premissa (b) da AP pode razoavelmente ser questionada.
  4. A maioria das pessoas que acreditam em Deus dedicam um tempo significativo a orações e atividades da igreja. Essas pessoas presumivelmente também contribuem com dinheiro, talvez o dízimo (10% do seu rendimento). Sem essa crença, muitas delas não fariam essas coisas. Além disso, muitas dessas pessoas vivem com inibições tanto no pensamento como no comportamento. (Considere, por exemplo, inibições a respeito de práticas sexuais, casamento e divórcio, controle de natalidade, aborto, material de leitura, e associação com outras pessoas.) Em muitos casos, essas inibições são bastante extremas e podem ter grandes conseqüências na vida da pessoa e nas vidas de outros. Em algumas comunidades, as mulheres são oprimidas com base na crença teísta. Também, alguns teístas perseguiram e até mataram outras pessoas (como nas inquisições, guerras religiosas, ataques a homossexuais e a pessoas que praticam o aborto, etc.) devido à sua crença de que isso é o que Deus quer que elas façam. Além disso, algumas pessoas (por exemplo, clérigos) dedicam toda a sua vida a Deus. Por estas várias razões, mesmo se Deus não existe, de fato importa muito se uma pessoa acredita em Deus, pelo menos para a maioria desses crentes. Segue-se que a premissa (c) da AP é falsa.
  5. Pode ser que Deus não exista e, em vez disso, algum outro ser governe o universo. Esse ser pode ter intensa aversão e pode infligir punição infinita a qualquer pessoa que acredita em Deus ou que acredita em algo por interesse pessoal (como é recomendado na AP). Mas uma pessoa que passe a acreditar em Deus com base na AP, nesse caso estaria "metida em grandes sarilhos", mesmo que Deus não exista. O benefício esperado da situação de crença do teísta seria infinitamente pior do que o do não-teísta. Segue-se que a premissa (c) da AP é falsa.
  6. Para acreditar em Deus, a pessoa tem de acreditar em proposições nas quais é, do ponto de vista da maioria dos não-teístas, impossível (ou pelo menos muito difícil) acreditar. Por essa razão, a premissa (e) da AP pode ser rejeitada.
  7. A crença não está diretamente sujeita à vontade. Por isso, é impossível (ou pelo menos muito difícil) para os não-teístas auto-induzirem a crença teísta. Isto também torna falsa a premissa (e) da AP.
Por todas estas razões, a AP deve ser rejeitada.

Breves comentários pessoais:
Após o vídeo e o pequeno trecho, acredito (cuidado com esse verbo) que já seja suficiente para descartarmos a aposta de Pascal como lógica, moral ou viável. Mas para os cristãos que ainda persistirem, vale a máxima kantiana da ação moral por interesse, o que ocorre na maioria das religiões (não me refiro à fé pessoal). Dos três tipos de ação anunciadas por kant, e assim inter´retado por esse que vos escreve, podemos elencar a verdadeiramente moral, ou por dever, na qual o indivíduo age sem interesse (é um simples texto opinativo de blog, não vou entrar em detalhes da Fundamentação da Metafísica dos Costumes), por puro e simples respeito à lei. Há aquela ação conforme o dever, em que o indivíduo pratica  uma ação reputadamente correta, mas que esconde certo interesse por detrás da mesma (seria o caso dos que praticam boas ações mas somente visando a "cadernetinha do papai do céu que tudo anota e tudo vê). Por fim, e onde de fato eu enquadraria a assunção da aposta de pascal, há a ação por puro interesse (seria complicado desenvolver em poucas linhas, mas assumamos tal ação como puro interesse), na qual o indivíduo age tendo em vista seus instintos mais básicos, na qual o sentimento fluiria totalmente em direção a um interesse egoísta e pessoal. Enfim, não me considero kantiano no que diz respeito à sua concepção de ação moral, mas por conveniência, vejo como tal representação se encaixa bem naquele assume a aposta de pascal como uma fuga de seu medo do pós-morte. Não passa de uma ação egoísta e interesseira, sem nenhum traço das tão defendidas virtudes cristãs. Logo, e agora me dirijo especialmente aos teístas, revejam suas apostas (heheh), reformulem suas proposições, pois imposição arbitrária não funcionará com uma mente forte (pra não dizer racional).

abraço a todos

Nenhum comentário:

Postar um comentário