Fonte: Uma Visão do Mundo
Autor: Eduardo Patriota Gusmão Soares
Religiosos comparecem a enterros de gays com cartazes dizendo que deus odeia gays
Gays, lésbicas, simpatizantes, homofobia, PL 122, união homoafetiva. Temas em pauta nas nos debates entre conservadores, homossexuais e defensores dos direitos humanos. Um enorme gasto de energias e esforços para resolver algo que, a priori, sequer é um problema. Retomaremos este ponto mais tarde, mas agora precisamos entender como chegamos às trincheiras desta guerra e toda a falta de sentido que a caracteriza.
O texto é longo, compilado de vários lugares. Dividi-o em partes para facilitar a leitura. Aos que já conhecem sobre as matérias, deixo minha opinião na parte de conclusão deste texto.
A homossexualidade na antiguidade
Embora não valha completamente para provar que havia total e irrestrita liberdade sexual, sem discriminações, nos povos antigos, vale observar um pouco como era a vida sexual naquela época.
As tribos das ilhas de Nova Guiné, Fiji e Salomão, no oceano Pacífico, cerca de 10 mil anos atrás já exercitavam algumas formas de homossexualidade ritual. Os melanésios acreditavam que o conhecimento sagrado só poderia ser transmitido por meio do coito entre duplas do mesmo sexo. No rito, um homem travestido representava um espírito dotado de grande alegria – e seus trejeitos não eram muito diferentes dos de um show de drag queens atual.
Um dos mais antigos e importantes conjuntos de leis do mundo, elaborado pelo imperador Hammurabi na antiga Mesopotâmia em cerca de 1750 a.C., contém alguns privilégios que deveriam ser dados aos prostitutos e às prostitutas que participavam dos cultos religiosos. Eles eram sagrados e tinham relações com os homens devotos dentro dos templos da Mesopotâmia, Fenícia, Egito, Sicília e Índia, entre outros lugares. Herdeiras do Código de Hammurabi, as leis hititas chegam a reconhecer uniões entre pessoas do mesmo sexo. E olha que isso foi há mais de 3 mil anos.
Na Grécia e na Roma da Antiguidade, era absolutamente normal um homem mais velho ter relações sexuais com um mais jovem. O filósofo grego c (469-399), adepto do amor homossexual, pregava que o coito anal era a melhor forma de inspiração – e o sexo heterossexual, por sua vez, servia apenas para procriar. Para a educação dos jovens atenienses, esperava-se que os adolescentes aceitassem a amizade e os laços de amor com homens mais velhos, para absorver suas virtudes e seus conhecimentos de filosofia. Após os 12 anos, desde que o garoto concordasse, transformava-se em um parceiro passivo até por volta dos 18 anos, com a aprovação de sua família. Normalmente, aos 25 tornava-se um homem – e aí esperava-se que assumisse o papel ativo.
Entre os romanos, os ideais amorosos eram equivalentes aos dos gregos. A pederastia (relação entre um homem adulto e um rapaz mais jovem) era encarada como um sentimento puro. No entanto, se a ordem fosse subvertida e um homem mais velho mantivesse relações sexuais com outro, estava estabelecida sua desgraça – os adultos passivos eram encarados com desprezo por toda a sociedade, a ponto de o sujeito ser impedido de exercer cargos públicos.
Boa parte do modo como os povos da Antiguidade encaravam o amor entre pessoas do mesmo sexo pode ser explicada – ou, ao menos, entendida – se levarmos em conta suas crenças. Na mitologia grega, romana ou entre os deuses hindus e babilônios, por exemplo, a homossexualidade existia. Muitos deuses antigos não têm sexo definido. Alguns, como o popularíssimo hindu Ganesh, da fortuna, teriam até mesmo nascido de uma relação entre duas divindades femininas. Não é nada difícil perceber que, na Antiguidade, o sexo não tinha como objetivo exclusivo a procriação. Isso começou a mudar, porém, com o advento do cristianismo.
As origens e causas do preconceito e perseguição aos homossexuais
O judaísmo já pregava que as relações sexuais tinham como único fim a máxima exigida por Deus: “Crescei e multiplicai-vos”. Diferentemente dos deuses dos povos vizinhos de Israel, a sua divindade era alheia à sexualidade, embora exortasse os homens à procriação, único fito aceitável da atividade sexual, pelo que a sua única modalidade admissível correspondia à intromissão do pênis na vagina, visando à gravidez. Segundo a Bíblia, todo e qualquer ato sexual que não resulte, potencialmente, ao menos, em procriação, é antinatural e condenado por deus, o que tornou os judeus uma exceção, dentre as civilizações antigas, na sua condenação da atividade sexual estéril, o que incluía a homossexualidade.
Até o início do século 4, essa idéia, porém, ficou restrita à comunidade judaica e aos poucos cristãos que existiam. Nessa época, o imperador romano Constantino converteu-se à fé cristã – e, na seqüência, o cristianismo tornou-se obrigatório no maior império do mundo. Como o sexo passou a ser encarado apenas como forma de gerar filhos, a homossexualidade virou algo antinatural. Data de 390, do reinado de Teodósio, o Grande, o primeiro registro de um castigo corporal aplicado em gays.
Do cristianismo provém uma alteração das mentalidades e os critérios intelectuais da condenação, crescente, da homossexualidade e de qualquer atividade sexual estéril. Ele formulou quatro opiniões:
1ª- a de que a homossexualidade ligava-se ao comportamento de certos animais, reputados como impuros, a saber, a lebre, a hiena, a doninha;
2ª – a de que a homossexualidade relacionava-se com o politeísmo, com o qual o cristianismo antagonizava (afinal, diversos povos na época aceitavam a homossexualidade, já que seus deuses a praticavam);
3ª – a de que a sexualidade natural correspondia à destinada reprodução e de que a homossexualidade era anormal no sentido de infreqüente;
4ª – a de que o papel de súcubo era vergonhoso.
O primeiro texto de lei proibindo sem reservas a homossexualidade foi promulgado mais tarde, em 533, pelo imperador cristão Justiniano. Ele vinculou todas as relações homossexuais ao adultério – para o qual se previa a pena de morte. Mais tarde, em 538 e 544, outras leis obrigavam os homossexuais a arrepender-se de seus pecados e fazer penitência. O nascimento e a expansão do islamismo, a partir do século 7, junto com a força cristã, reforçaram a teoria do sexo para procriação.
Durante muito tempo, até meados do século 14, no entanto, embora a fé condenasse os prazeres da carne, na prática os costumes permaneciam os mesmos. A Igreja viu-se, a partir daí, diante de uma série de crises. Os católicos assistiram horrorizados à conversão ao protestantismo de diversas pessoas após a Reforma de Lutero. E, com o humanismo renascentista, os valores clássicos – e, assim, o gosto dos antigos pela forma masculina – voltaram à tona. Pintores, escritores, dramaturgos e poetas celebravam o amor entre homens. Além disso, entre a nobreza, que costumava ditar moda, a homossexualidade sempre correu solta. E, o mais importante, sem censura alguma – ficaram notórios os casos homossexuais de monarcas como o inglês Ricardo Coração de Leão (1157-1199).
No curto intervalo entre 1347 e 1351, a peste negra assolou a Europa e matou 25 milhões de pessoas. Como ninguém sabia a causa da doença, a especulação ultrapassava os limites da saúde pública e alcançava os costumes. O “pecado” em que viviam os homens passou a ser apontado como a causa dela e de diversas outras catástrofes, como fomes e guerras. Judeus, hereges e sodomitas tornaram-se a causa dos males da sociedade. Não havia outra solução a não ser a erradicação desses grupos. Medidas enérgicas foram tomadas. Em Florença, por exemplo, a sodomia foi proibida em 1432, com a criação dos Ufficiali di Notte (agentes da noite). O resultado? Setenta anos de perseguição aos homens que mantinham relações com outros. Entre 1432 e 1502, mais de 17 mil foram incriminados e 3 mil condenados por sodomia, numa população de 40 mil habitantes.
Leis duras foram estabelecidas em vários outros países europeus. Na Inglaterra, o século 19 começou com o enforcamento de vários cidadãos acusados de sodomia. E, entre 1800 e 1834, 80 homens foram mortos. Apenas em 1861 o país aboliu a pena de morte para os atos de sodomia, substituindo-a por uma pena de dez anos de trabalhos forçados.
A homossexualidade é tão natural (ainda que incomum) quanto a heterossexualidade
O zoologista da Universidade de Oslo, Petter Böckman, afirma que são conhecidas mais de 1.500 espécies de animais que praticam sexo com parceiros do mesmo gênero. “A grande questão é como explicar qual é o sentido evolutivo”, diz César Ades, etólogo (especialista em comportamento animal) da USP (Universidade de São Paulo). “A atividade homossexual pode ser uma maneira de reduzir conflitos sociais entre indivíduos do mesmo grupo, de fortalecer as escalas de dominância e de criar alianças.”
“Porém, é importante ressaltar que tais comportamentos são muito variados e não podem ser entendidos, como um todo, como idênticos à homossexualidade no ser humano, que se insere numa realidade sócio-cultural complexa. Mas podem indicar a generalidade de certos processos de atração entre indivíduos do mesmo sexo”, explica.
Os autores de um estudo de 2009, Nathan Bailey e Marlene Zuk, da Universidade da Califórnia em Riverside, dão um exemplo. Veja as fêmeas do albatroz-de-laysan (Phoebastria immutabilis), do Havaí. Essas aves se unem em casais lésbicos que às vezes duram a vida inteira para criar os filhotes, especialmente quando há escassez de machos. Até um terço dos casais da espécie são formados por fêmeas. O resultado é que elas têm mais sucesso do que fêmeas “solteiras” na criação dos filhotes. O comportamento homossexual, portanto, muda a dinâmica da população – e pode ter consequências evolutivas importantes.
Alguns estudos recentes sugerem que fatores neurobiológicos podem influenciar na orientação sexual dos homens. Cientistas suecos descobriram que o cérebro dos homossexuais é parecido com o de pessoas do sexo oposto ao de sua orientação. Dito de outra forma, o cérebro de um homem homossexual teria semelhanças com o de uma mulher, enquanto o de uma lésbica seria similar ao de um homem hetero.
Apesar de quase um século de especulação psicoanalítica e psicológica, não existe evidência substancial que suporta a hipótese de que a natureza da orientação sexual dos pais ou as experiências infantis tem algum papel na formação fundamental da orientação heterossexual ou homossexual. A orientação sexual é biológica em sua natureza, determinada por uma complexa rede de fatores genéticos e do desenvolvimento uterino inicial.
Por consenso mundial, homossexualidade não é doença, nem transtorno, tampouco um problema a ser tratado
Desde dezembro de 1973, a homossexualidade deixou de ser classificada como transtorno mental pela Associação Americana de Psiquiatria (APA), sendo retirada do Manual de Diagnóstico e Estatística de Desordens Psiquiátricas; em 1975, a Associação Americana de Psicologia adotou o mesmo procedimento, deixando de considerar a homossexualidade como doença, distúrbio ou perversão.
No Brasil, em 1985, o Conselho Federal Medicina (CFM) deixa de considerar a homossexualidade como desvio sexual, esclarecendo aos médicos, em particular aos psiquiatras, que homossexualismo não pode ser aplicado nem sustentado como diagnóstico médico.
A 43ª Assembléia Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), no dia 17 de maio de1990, retirou a homossexualidade da sua lista de doenças ou transtornos mentais, suprimindo-a do Código Internacional de Doenças (CID-10), a partir de 1993.
Em 1991, a Anistia Internacional passa a considerar a discriminação contra a homossexualidade como violação aos direitos humanos.
Em 22 de março de 1999, o Conselho Federal de Psicologia, por meio da resolução 01/1999, estabelece normas para atuação dos psicólogos em relação à questão da orientação sexual, pois, “…considerando que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e nem perversão (…) e que a Psicologia pode e deve contribuir com seu conhecimento para o esclarecimento sobre as questões da sexualidade, permitindo a superação de preconceitos e discriminações (…)”;
A homossexualidade não torna ninguém pervertido
Ricky Martin, gay assumido, posa com seus filhos para foto. O cantor mantém uma fundação, a Ricky Martin Foundation, que ajuda crianças em todo o mundo, combatendo o tráfico, violência, doenças e a fome.
A compilação abaixo foi realizada por Francisco Boni, membro do Conselho de Mídia da LiHS. As fontes das pesquisas podem sem encontradas no site Paul Cameron Refutado.
Há um mito, propagado pela Direita Cristã, de que homossexuais engajam em comportamentos promíscuos. Seguramente, há homossexuais que engajam em tal comportamento. Mas há heterossexuais que fazem a mesma coisa. É importante notar a tendência substância heterossexista que faz com que as pessoas ignorem as falhas heterossexuais enquanto focam nas falhas homossexuais.
Em um estudo de comportamento sexual em homossexuais e heterossexuais, os pesquisadores descobriram que dos homens bissexuais e gays, 24% tiveram um parceiro durante toda vida, 45% tiveram 2-4 parceiros homens, 13% tiveram 5-9 parceiros homens, e 18% tiveram 10 ou mais parceiros sexuais, o que produz uma média de 6 parceiros (p. 345)(n=97 de homens gays de um total de 1450 homens). Em um estudo paralelo, uma amostra aleatória de homens heterossexuais (n=3111 homens que tiveram sexo vaginal; de uma amostra total de n=3224, somente 2.3% indicaram terem feito sexo com homens e mulheres), o número médio de parceiros sexuais foi 7.3%, com 28.2% com 1-3 parceiros sexuais, 23.3% tendo mais de 19 parceiros. Isso indica que homens gays tem um número de parceiros sexuais menores que heterossexuais.
Homossexuais não possuem predisposição a serem pedófilos. Em uma amostra aleatória de 175 casos de abusadores sexuais der crianças 76% reportam terem comportamento exclusivamente heterossexual, e 24% reportam comportamento bissexual. A atração sexual por crianças não é relacionada à orientação sexual
Em um segundo estudo de 1206 condenações de abusadores de crianças em Nova Jersey, 80.7% eram heterossexuais e 19% eram homossexuais.
Em um terceiro estudo, 47% dos homens condenados por abuso sexual contra crianças (meninos) estavam dentro de um casamento heterossexual.
Em um quarto estudo na Inglaterra, em uma revisão de 200 ataques sexuais à garotos, apenas 32 dos perpetradores eram homossexuais.
Em um quinto estudo de 148 abusadores que atacaram sexualmente crianças em Massachusetts, 71 (51%) selecionaram meninas, e 31 (21%) atacaram meninos e meninas, Ainda, os autores reportam que “os condenados atraídos por meninos reportaram que não tem interesse em relações homossexuais entre adultos e acharam a aparência feminina dos meninos juvenis atraente…” (p.20) Os pedófilos eram atraídos por crianças e adultos (51%), 83% exclusivamente heterossexuais, e 17% bissexuais.
Em um sexto estudo de 136 condenados, mais de 80% estavam envolvidos em relações adultas heterossexuais de longa data.
Em um sétimo estudo no Hospital Infantil de San Diego, dos 140 garotos que foram atacados, apenas 4% foram atacados por homossexuais.
Em um oitavo estudo, também em um hospital infantil, de 269 crianças avaliadas para abuso sexual por adultos conhecidos, 0.7% das crianças foram abusadas por um homossexual e 88% foram abusados por heterossexuais. O resto das crianças (de um total de 352) foram ou abusadas por outras crianças ou adolescentes (21% da amostra total, daqueles que foram abusados por crianças/adolescentes do sexo oposto), ou por estranhos cuja orientação sexual era desconhecida (11.6%).
Finalmente, a discussão sobre se homossexuais vs heterossexuais estão mais propensos à molestar crianças ignora completamente a pesquisa atual a cerca da psicopatologia do molestador de crianças. Por definição, o pedófilo é uma pessoa que é atraída por crianças. Já que crianças, típicamente, não apresentam características sexuais secundárias diferenciadas como adultos, o heterossexual ou homossexual típico não são sexualmente atraídos por crianças. Se um adulto é atraído por uma criança, isso está relacionado com sua vulnerabilidade. Mesmo que a criança seja um menino sendo abusado por um homem adulto, o pedófilo não está atraído por características masculinas exatamente, como encontrado pelo estudo feito por Groth, o que seria presumido se o abusador fosse, de fato, “homossexual”.
Ainda existem uma longa lista de estudos utilizando vários métodos clínicos e outras revisões e meta-análises apontando nenhuma psicopatologia correlacionada diretamente com a homossexualidade, evidenciando ser uma orientação sexual normal como a heterossexualidade.
Por fim, uma recente pesquisa feita sobre o público gay antes da Parada de 2011 em São Paulo, descobriu-se que mais de 54% dos casais homossexuais mantém uma relação estável com seu parceiro há mais de 3 anos. Isso é mais do que muito casamento por aí.
Conclusão
Muitos não gostam de homossexuais. Isso é completamente aceitável. Tanto quanto muitos não gostam de rockeiros, pagodeiros, nerds, petistas, democratas, corintianos, flamenguistas, negros, branquelos, etc. Não é o gosto que é o problema. Você não é preconceituoso se não gostar disso ou daquilo. Você está no seu direito. O problema começa quando passamos a tratar de forma desigual e injusta o outro, penalizando-o apenas por “não gostar” de uma característica daquela pessoa.
No caso dos gays, o problema vai muito além do tratamento desigual e injusto. Pais renegam os próprios filhos, chegando a expulsá-los de casa! Vale a pena ver o documentário “For the Bible Tells Me So” que mostra o arrependimento de uma mãe que não pôde fazer as pazes com a filha renegada, pois, esta se matou devido à pressão por sua simples condição de gay. Será mesmo que vale a pena se desfazer da companhia de uma pessoa que você ama apenas porque ela gosta de algo que um livro escrito há milhares de anos, por uma pessoa totalmente desconhecida, diz ser ruim?
Pessoas são espancadas e até mortas por uma questão estritamente pessoal, de foro mais do que íntimo e que não diz respeito a mais ninguém. Em 2010,no Brasil, foram documentados 260 assassinatos de gays, travestis e lésbicas, 62 a mais que em 2009 (198 mortes), um aumento 113% nos últimos cinco anos (122 em 2007).
Na África do Sul, por exemplo, uma onda de casos de estupros e assassinatos são cometidos por homens contra mulheres homossexuais, aparentemente com o objetivo de “corrigir” suas orientações sexuais, está assustando. Segundo estimativas, pelo menos 31 mulheres já morreram no país vítimas desse tipo de ataque nos últimos dez anos.
Em São Paulo, Edson Néris da Silva, que era adestrador de cães, passeava de mãos dadas com seu companheiro, Dario Pereira Netto, na Praça da República, região tradicionalmente frequentada por gays, quando foi surpreendido pelo grupo de neonazistas conhecido como Carecas do ABC. Dario conseguiu escapar, mas Edson foi cercado e brutalmente agredido com chutes e golpes de soco-inglês até a morte.
No Irã, um alto funcionário do governo, Mohsen Yahyavi, admitiu que gays devem ser torturados e executados. De preferência, sofrer as duas penas. É um país onde ser gay é crime capital e recentemente 2 garotos foram chicoteados e enforcados em praça pública porque… eram gays! Como se isso mudasse a vida do vizinho, ou do clérigo que mora em outra cidade, ou de qualquer pessoa que não eles próprios apenas! Com esta intolerância religiosa, estima-se que milhares e milhares de gays já tenham sido condenados à morte no Irã.
Agora, imagine a cena. Você nasce num país onde ser gay é crime punível com a morte. Seu filho ou filha, por obra da natureza (conforme já demonstrado anteriormente) nasce gay. Imagina o sofrimento desta pessoa por ter que viver em constante medo, ser impossibilitada de amar um outro ser humano (por favor, estamos falando em AMAR! Por que religiosos só querem saber de matar ou prejudicar uma pessoa que quer AMAR?) e ainda viver escondida com medo de morrer. É este tipo de sociedade de queremos? Então, por que construí-la, passo-a-passo, apoiando ou tolerando pastores homofóbicos que vomitam palavras de um ódio insano contra pessoas que só querem ser felizes em paz?
Como no vídeo abaixo da entrevista do Jô Soares, afinal, o que tanto incomoda um religioso se o vizinho é gay ou não? Ainda que homossexualidade fosse uma opção do indivíduo, o que eu ou você temos a ver com isso? Aliás, por que discriminar um gay e não um homem que anda com a bíblia debaixo do braço, mas trai a esposa com várias garotas de programa? Claro… o primeiro é doença, o segundo um “deslize”, um “descuido”. O primeiro é perversão, o segundo um “homem excessivamente viril”.
Os preconceituosos miram o alvo errado e perpetuam uma sociedade hipócrita, com famílias que se desfazem devido ao “pai garanhão vigoroso” (porém, devoto fervoroso de Cristo). Afinal, o que faz mais mal à sociedade? Famílias destroçadas ou um casal gay se amando na intimidade de seus quartos? Não vejo como pessoas se amando (ou no mínimo se divertindo) na privacidade de suas casas possam causar mal a alguém. Não me lembro do padre local vir se queixar com uma mãe que o filho dela andava jogando muito videogame. Ou que passava muito tempo jogando bola ou vendo televisão. Então, por que se importa se o filho desta mesma senhora está dentro de sua própria casa beijando outro homem?
É um tipo de ódio e repulsa que não tem outra origem que não o fundamentalismo de clérigos que, muitas vezes, nem são lá tão crentes do que eles mesmos falam, usando suas igrejas como meio de controle e enriquecimento financeiro e político. Vivemos num mundo onde o meio-ambiente pede socorro, há crianças morrendo, animais sendo maltratados, políticos roubando merenda de crianças famintas, governantes desviando dinheiro de hospitais onde a população morre. E, ainda assim, os que nada têm dão 10% do pouco de ganham para suas igrejas e vão às passeatas (convocadas por seus rechonchudos e corados pastores) para evitar que homossexuais que eles não conhecem, dos quais não conhecem a trajetória de vida (muitas vezes, muito mais limpa, decente e construtiva que a de seus pastores) e que talvez nunca venham a encontrar pessoalmente, possam se casar.
Afinal, se estes homossexuais estão gozando de plenos direitos, pagam seus impostos e cumprem a lei como todos os demais cidadãos, qual o fundamento em não permitir que eles se casem? Implicância religiosa. Gente mimada que não cresceu e quer que tudo seja do seu gosto. Intolerantes incapazes de conviver com o diferente. Gente que não tem nada o que fazer na vida, a não ser sair de porta em porta aos domingos pregando a bíblia para quem mal se levantou da cama. Gente que não tem objetivo na vida, a não ser cuidar da dos outros (como se estivessem precisando).
Toleramos a corrupção, mas não toleramos um casal que se ama. Aceitamos um religioso que bate em sua mulher por direito bíblico, mas não aceitamos um singelo e discreto beijo entre dois homens em público. Veneramos celebridades que se casam e se separam dezenas de vezes, quase que esculachando o matrimônio, mas não admitimos que um casal gay junto há décadas possa oficializar sua união. Enfim, as pessoas lutam por um mundo cada vez pior, quando deveria ser o contrário.
Infelizmente, muitas pessoas não ouvirão o clamor humanista pela tolerância sexual. Talvez, estas pessoas só passarão a entender o que estas palavras sobre tolerância querem construir, quando o filho ou filha homossexual chegar em casa aos prantos, humilhado por brincadeiras de colegas da escola. Ou, quem sabe, ainda pior: quando o ente querido chegar espancado ou num caixão lacrado, vítima de algum crime de intolerância sexual. Escutem os pastores por dias ainda mais sombrios, ou juntem-se aos defensores dos direitos humanos por um futuro mais tolerante e um mundo mais seguro e justo para todas as pessoas de bem. Não há meio termo. De que lado da trincheira você está?
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=jZclI6pza6Q
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