
Gostaria de dar uma certa atenção às várias instituições que se perpetuam através dessa cultura de informação e seus mecanismos. A primeira delas, e aqui a considero como uma instituição consolidada historicamente, será a religião e sua alienação nos processos de transmissão de informações. Primeiramente, gostaria de deixar bem claro minha posição a respeito do tema. Até pouco tempo me considerava apenas um agnóstico e, assim como sua boa definição, aparentava ignorar tudo aquilo que foge à uma explicação racional e científica, não me preocupando muito com tais questões e mantendo um certo respeito hipócrita pelas religiões e suas teorias, mas o incômodo gerado pela passividade como as pessoas recebem e transmitem suas crenças mais absurdas, a submissão religiosa que torna latente a subserviência política e, por consequência, "justifica" as atrocidades sociais presentes nos dias de hoje não permitiram que essa apatia continuasse a se impor, e, por isso, resolvi assumir por completo meu ateísmo (e aqui o defeniria como revolucionário, pois busca na sua afirmação a autonomia da razão em rompimento com a dominação alheia). Um ateísmo que, independente das linhas que se seguirão, afirma para si mesmo a plena consciência da não existência de nenhum ser sobrenatural para além de nossa realidade física e defende, acima de tudo, o ser humano na sua completude. Posto isso, analisemos a religião e sua influência nessa sociedade apática que vive sob o estado da esponja acrítica (gostaria de deixar claro que respeito o direito de escolha de cada um, o direito de defender essa escolha e a própria pessoa enquanto indivíduo que responde por suas escolhas, mas não me fio ao princípio errôneo - e por vezes hipócrita - de que não se deve discutir opiniões alheias quando essas se referem a religião ou coisa do tipo, discordo de toda e qualquer pessoa que escolha regular sua vida baseada em princípios religiosos e mais ainda daqueles que negam a discussão afirmando ser esta imprópria, a discussão deve ser livre, e o direito de exercê-la respeitado).
Como havíamos afirmado em nosso primeiro texto, a “nova cultura de informação” tem como um de seus pilares o treinamento para uma escuta acrítica das informações transmitidas pelas instituições que dominam os meios de informação (sejam eles manifestados pelos vários e diferentes tipos, como propagandas comerciais, partidos políticos, instituições religiosas, etc.). Nesse texto, que será o primeiro de uma série de análises dessas instituições, pretendo expor brevemente o modo como uma dessas, qual seja, a religião, se perpetua através da história da humanidade, sempre utilizando-se de seu poder para manipular o imaginário popular, mantendo-se incólume aos grandes ataques. Primeiro deve-se admitir, juntamente com Conte-Sponville (O Espírito do ateísmo), que não se pode enquadrar todos os tipos de crença sob o título de religião no sentido em que normalmente utilizamos no ocidente (essa concepção teísta de religião, de um criador ordenador, de um salvador, é característca peculiar das religiões ocidentais, pois todo teísmo é religioso, mas nem toda religião é teísta). Tendo isso em vista e a educação que obtive em minha infância, não posso deixar de ressaltar que atacarei em primeiro lugar essa noção de religião imposta ao e pelo ocidente, principalmente o cristianismo, deixando como pano de fundo uma crítica a todo pensamento religioso em geral (o que a nosso ver é pernicioso para humanidade, não somente o cristianismo, o judaísmo e o islamismo).
Uma coisa já se estabelece de início: “deus”, se esse existe, deve ser tomado como um objeto de estudo transcendente, já a religião é uma criação humana e faz parte da nossa história (quer queira quer não). Ao se tratar de religião, se trataria muito menos de questões metafísicas do que de questões sociológicas e antropológicas. Não há como fugir disso: nós criamos as religiões, e nós permitimos que elas se perpetuassem ao longo de nossa história. De que modo? Aceitando acriticamente todas as ideias transmitidas por nossos antepassados sem o mínimo de avaliação criteriosa, fazendo valer, assim, o princípio determinante para toda cultura de informação. O treinamento para a escuta acrítica se inicia já na infância. Em nossa sociedade, é totalmente normal uma criança ser iniciada na religião dos pais desde os primórdios de sua idade. Do mesmo modo que ela não tem o direito de escolher uma religião para seguir já na sua infância, o que é vetado pelos pais ou responsáveis, a ela também não é permitido refletir sobre os princípios religiosos que lhes são incutidos na mente por meio de uma lavagem cerebral totalmente articulada. É absurdo como em algumas culturas se fala tão facilmente de uma criança cristã, judia, ou islâmica. Em contra partida, não encontramos nenhum pai afirmando que seu filho é capitalisa ou socialista, nem republicano ou democrata, não há o enquadramento de crianças dentro de concepções sócio-políticas ou econômicas, pois os pais julgam que essas mesmas crianças não podem ser submetidas e esse tipo de pecha, enquanto uma religiosa sempre se faz necessária. Não que eu defenda que isso também deva ser feito. Nenhuma das duas atitudes é correta a meu ver. Uma criança não tem idade e nem capacidade para discernir o fato de ela ser enquadrada dentro de um pensamento religioso. Logo, a necessidade de crer em algo sobrenatural tende a preponderar, quase em toda parte, sobre o desejo de liberdade, e isso é transmitido dos pais para seus filhos (essa transmissão não se resume aos pais ou responsáveis, como vimos nos posts anteriores, a cultura de informação pode nos atingir de qualquer lado, inclusive através de amigos influentes, ou blogs como este, portanto, leia isso e reflita, não aceite imediatamente o que escrevo em poucas linhas). E quando o desejo da crença supera o desejo da liberdade, surge a religião. Muitas vezes ocorre até o pior, a noção de liberdade passa a ser subsumida pela crença, dando ao crente a falsa sensação de que fora da sua religião não há liberdade, ou mesmo que sem "deus" não há liberdade. A imposição de uma crença pode se dar em vários níveis. A necessidade de se pedir “benção” ao parentes mais velhos, aos pais e avós; a ideia de que se fizer algo ruim será castigado por "deus"; a noção de inferno; os feriados instituidos por lei (devo admitir que adoro essa parte), etc., tudo isso faz parte dessa imposição e transmissão cultural feita pela religião. Não somente não é dada a chance para a criança escolher outro tipo de crença que não a dos pais, mas também não lhe é dada a chance de escolher ter ou não algum tipo de crença. Isso está fora de questão.
E eis a pergunta: por que precisamos de uma religião? Não podemos viver sem ela? Se você responder ambas as perguntas dizendo, sem refletir o bastante, que sem religião o mundo seria pior , eu diria que você é um covarde por não assumir que você é o único responsável por suas ações e pelos reflexos destas sobre o mundo em que vive. Se você necessita de um "deus" para regular suas ações e dizer que você não pode matar, ou roubar, etc., você está fugindo da sua responsabilidade. Se você se acomoda com a ideia de que todo sofrimento nesse mundo será recompensado com uma vida farturosa após a morte, você não passa de um covarde que aceita as injustiças presentes na realidade vigente e concede a um amigo invisível o dever de resolver esse problema em um futuro imaginário. Mas não tornemos esse texto tão romântico assim. Cabe-nos apenas fazer notar que a aceitação acrítica de uma religião nos coloca naquele estado de esponja mencionado no post anterior. Com isso não quero dizer que você deve refletir sobre qual religião escolher, mas, e principalmente, refletir sobre o fato de que você não necessita de uma religião para viver uma vida feliz, saudável e moralmente respeitável (questões morais serão abordadas mais especificamente em outros posts).
Um absurdo vem acontecendo nos EUA nos últmimos anos: a luta para a inclusão do designe inteligente como disciplina curricular nas escolas de segundo grau (salvo engano ainda não foi aprovado "graças a deus"). Esse design inteligente nada mais é do que uma teoria neocriacionista surgida em 1920 que defende a ideia de um ser criador do universo sem apontá-lo. Existem escolas confessionais que colocam em pé de igualdade o ensino do evolucionismo, cujas bases científicas se assentam em evidências e não certezas sem provas, com o criacionismo. Outras, como no estado do Kansas, excluíram o ensino do evolucionismo e em seu lugar ensinam às crianças que o mundo não tem mais que 5 (cinco) mil anos; que a mulher foi feita de uma costela de Adão. É brincadeira?!! De uma coisa certamente as mulheres podem se orgulhar, elas não contribuíram em nada com a escrita da bíblia.
Toda essa imposição de teorias e hipóteses das mais absurdas tem sido aceita com muita facilidade por grande parte da cultura ocidental. Muitas vezes essa aceitação vem acompanhada de um simples medo: daquilo que pode acontecer após sua morte. A religião tem a capacidade de dar à morte uma realidade que ela não tem, tornando os vivos presos em um medo aterrador de uma realidade punitiva chamada inferno. A vida e os valores morais são regulados e ordenados tanto por esse medo quanto pelo anseio de uma recompensa ao fim da jornada. As ações assim praticadas não são feitas por dever ou sinceridade humana, mas sim por um interesse último que só poderá ser satisfeito por esse amigo invisível que a tudo observa e julga. A religião retira do ser humano sua dignidade tornando-o suscetível a doutrinação. Para não me alongar mais, citarei dois autores, o primeiro deles um humanista e ateísta, André Conte-Sponville: "Sinceramente, será que você precisa acreditar em "deus" para pensar que a sinceridade é melhor que a mentira, que a coragem é melhor que a covardia, que a generosidade é melhor que o egoísmo..., que amor é melhor que o ódio?" O outro é um grande físico, Steven Weinberg: "A religião é um insulto à dignidade humana. Sem ela, teríamos pessoas boas fazendo coisas boas, e pessoas ruins fazendo coisas ruins. Mas para pessoas boas fazerem coisas ruins é necessário a religião." Certamente a discussão é infindável e polêmica, mas como o blog tem, em primeiro lugar, a intenção de propor discussões e não doutrinar em determinadas teorias, encerrarei meu texto por aqui, caso seja necessário, desenvolverei o mesmo tema em outro post, mas encerro com uma frase de uma poesia minha: "aquele que entrega a justiça do mundo nas mãos de um amigo invisível , comete o maior crime contra a humanidade."
Thiago Oliveira
Existe um grande número de evolucionistas e de criacionistas que falam como se soubessem, ainda que com dúvidas justificáveis, de que maneira a primeira vida passou a existir. Naturalmente é impossível que ambos estejam certos. Se um está certo, o outro está errado.
ResponderExcluirDe fato nenhum ser humano observou o surgimento da primeira vida. O surgimento da primeira vida na Terra foi um acontecimento histórico único, impossível de ser repetido. Ninguém estava presente para vê-lo nem os evolucionistas nem os criacionistas estavam lá, e certamente não podemos viajar de volta no tempo para observar diretamente se a primeira vida foi criada por algum tipo de inteligência ou se surgiu em função das leis naturais agindo com base em uma matéria inorgânica.
O problema principal para os darwinistas acho eu, não é explicar de que maneira todas as formas de vida estão relacionadas.O problema principal para os darwinistas é explicar a origem da primeira vida. Para que a macroevolução naturalista seja verdade, a primeira vida precisa ter sido gerada espontaneamente com base em elementos químicos inanimados. na verdade, qualquer forma de vida não é de forma alguma "simples". Isso ficou muitíssimo claro em 1953, quando descobriram o DNA
Caro Thiago,
ResponderExcluirNão quero me alongar muito em discussões com você, por isso apenas vou deixar uma citação do Einstein para contrapor com a do Steven Weinberg, poderia citar outros como Pierre Duhem, Planck, Heisenberg, Schrödinger, Paul A. M. Durac, Paul Davies, John Barrow, John Polkinghorne, Freeman Dyson, Owen Gingerich, Roger Penrose, e filósofos da ciência, como Richard Swinburne, Alvin Plantinga, John Leslie, Stanley Jaki etc (mas vai ver que desses caras foram retiradas a "sua dignidade tornando-o suscetível a doutrinação.")
Nunca encontrei uma expressão melhor do que "religiosa" para definir a confiança na racional natureza da realidade e de sua peculiar acessibilidade à mente humana. Onde não há essa confiança, a ciência degenera, tornando-se um procedimento sem inspiração. Se os sacerdotes lucram com isso, que o diabo cuide do assunto. Não há remédio para isso.
Quem quer que tenha passado pela intensa experiência de conhecer bem-sucedidos avanços nesta área (ciência) é movido por profunda reverência pela racionalidade que se manifesta em existência... a grandeza da razão encarnada em existência.
O certo é que a convicção, semelhante ao sentimento religioso, da racionalidade ou inteligibilidade do mundo, está por trás de todo trabalho científico de uma ordem superior. Essa crença firme em uma mente superior que se revela no mundo da experiência, ligada a profundo sentimento, representa minha concepção de Deus.
Todos os que seriamente se empenham na busca da ciência convencem-se de que as leis da natureza ma¬nifestam a existência de um espírito imensamente superior ao do homem, diante do qual nós, com nossos modestos poderes, devemos nos sentir humildes.
Minha religiosidade consiste de uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela nos pequenos detalhes que podemos perceber com nossa mente frágil. Essa convicção profundamente emocional da presença de um poder racional superior, que é revelado no incompreensível universo, forma minha idéia de Deus.
Atenciosamente
Caro Francisco, não há necessidade de nos alongarmos em discussões infindáveis baseadas em agressividade, se foi o que quis dizer. Podemos apenas trocar ideias a respeito do tema tranquilamente. Mas como não quis se alongar, também não irei muito longe. Primeiro diria que o texto referido do Einstein nada mais me demonstra do aquela posição por ele admitida de uma admiração e espanto com o cosmos. não há nenhum traço (apesar de não ser assíduo nas leituras de Einstein) de um deus pessoal e regulador das ações humanas nas palavras de Eintein. Esse conceito de deus que ele lançou para si (e devemos lembrar que ele vivia sobre pressão na sociedade altamente cristã norte americana) me parece muito com o de Espinosa, ou até mesmo o meu, só que devido o tempo em que vivo, não tenho receio de saltar essa etapa e parar de nomear tal universo com um deus. Enfim, o deus de Einsten não é um deus pessoal, que é aquele divulgado e pregado pelas grandes religões da História. Se você leu bem meu texto, verá que minha preocupação maior é com essa característica tranformadora que a religião pode causar nas pessoas. Para não me alongar, o que não quer dizer que não podemos continuar trocando ideias, sugiro que veja o documentário "Jesus Camp" e reflita de acordo com meu texto, no modo como a religião inerfere na vida das pessoas de uma maneira infrutífera. No mais, gostaria de frisar que apesar de ter citado um ou outro cientista, eu tento ao máximo não utilizar de argumentos de autoridade para justificar minhas teses, que não são isentas é claro, mas nem sempre isso funciona, assim sendo, o texto do Weinenberg está diretamente ligado a essa critica de uma religião que modela as ações humanas retirando a autonomia do indivíduo (nesse sentido te ofereço o trecho do texto de Kant postado em meu blog).
ResponderExcluirPS: desculpe não te passar o link para o documentário, está em outro PC, mas vc encontra facilmente.
At. thiago Oliveira
Thiago, a teoria do Design não tem nada a ver com um Deus, apesar de vários teístas a defenderem... até Dawkins acredita na sua possibilidade ( http://www.youtube.com/watch?v=RTMr6GSYlCo )
ResponderExcluirOutra é que há evolucionistas teístas contrários ao Design Inteligente, vide Francis Collins (Diretor do projeto Genoma), Alister McGrath e Francisco Ayalla (biólogos).
Desculpe Charles, mas não vejo desse modo. O design inteligente é uma forma de justificativa teológica para a criação do universo, como uma causa inteligente, como se houvesse a necessidade de haver uma. O vídeo para mim não diz nada. Dawkins não é o "senhor" dos ateus e é, por sinal, muito fraco em discussões pessoais, que nesse caso foi propositadamente editada pelo entrevistador que, salvo engano, apresenta um programa ridiculo no VH1. O vídeo, emfim, não prova nada a respeito do design inteligente, e em todas as minhas fontes a respeito o design inteligente prima pela ideia de uma causa inteligente do universo. O que é uma brecha para aqueles que afirmam a existência de "deus". Dizer que não "tem nada a ver" é no mínimo desrespeitar essa proposta da própria teoria. Se há teístas contra, depois vou procurá-los, o fato é que eu sou contra, e o design tem sim muito a ver com uma suposta ideia de deus, não atoa é divulgada nos EUA afim de defender o criacionismo, o que está implicito em uma ideia de "causa inteligente".
ResponderExcluirThiago, por um tempo o próprio Big Bang era uma conspiração teísta ( http://www.abovetopsecret.com/forum/thread296010/pg1 / http://www.veritas.org/Media.aspx#/v/650 ), hoje é quase unanimidade entre a ciência mainstream.
ResponderExcluirSobre o designe inteligente, eu sugiro você ver as pesquisas cosmológicas de William Lane Craig que é PhD em filosofia (sua área). Talvez eu esteja enganado sobre o Designe Inteligente, mas é que vi o William debatendo com o Ayalla e se minha memória ou meu inglês não falhou eu ouvi ele dizendo que não implica ( http://www.youtube.com/watch?v=-jLNMBTlwYI ).
Charles, o primeiro link não pude acessar, talvez faltou alguma coisa. Não tive tempo pra ver os vídeos do debate sobre a viabilidade do designe inteligente feitos por Craig e Ayala, estou de mudança e está complicado, não estou acessando nem a net nem o blog. Enfim, gostaria de dizer que já vi algumas defesas do Craig no youtube a respeito do designe e percebi claramente a utilização da noção aristotélica (mais próxima à apropriação neo-tomista) de causa incausada. Como bom aristotélico que devo ser (essa é minha formação), não pude deixar de notar isso, e se ele afirma em um desses vídeos que a teoria do designe inteligente não implica em uma causa inteligente (contrária a um processo não direcionado , mas por seleção natural), o seu argumento não poderá pautar por uma defesa dessa teoria para provar ( ou argumentar na tentativa de justificar a possibilidade) a existência de um "deus" (seja ele o que for enquanto causa inteligente), e nesse sentido perderá força. Se vc pegar o Livro Lambda da Metafísica e o Delta, onde Aristóteles trabalha as noçoes de causa (no Lambda cap 6 ele trabalha a noção de uma substância suprasensível movente de todo universo), vc terá bem em mente essa noção de causa incausada, mas capas de ser princípio de todas as outras coisas (em uma apresentação bem rasteira do que o estagirita lá diz). Se a teoria do designe inteligente ( que pelo próprio nome sugere um planejamento, vide definição de design) não implicar em uma causa inteligente (lembre-se, partindo do próprio título da teoria), ela não faz sentido. Se somente seus defensores mudarem o nome e disserem que a algo sempre existiu (pra mim é a energia capaz de transformar matéria, para outros isso pode ser deus), não veria problemas quanto a isso. Mas dar o salto ontológico e dizer que essa mesma causa incausada planejou tudo o que existe e continua a intervir na realidade, isso é outra coisa que, como diria Kant, extrapola os limites da razão pura e cai no campo da prática. Portanto, a fim de deixar claro minha posição, eu sou contra uma "teoria do designe" inteligente que defende a ideia de uma causa inteligente do universo, que por sua vez foi incausada, e que essa mesma causa continua a intervir na realidade como um pintor em sua tela. Não vejo a teoria do designe inteligente, pricipalmente do modo como ela é frequentemente apresentada, como minimamente satisfatória para explicar a origem das espécies, quanto mais a origem do universo. Desde já agradeço pelo debate.
ResponderExcluir