quarta-feira, 3 de março de 2010

Poesias

Aos “des-afiados”

Torna-se calma a simples tarefa da crítica observativa
Nada mais que uma peça da engrenagem, seu papel se mistura com o do gado marcado.
Seu dissimulado passo registrado sela o compromisso imaginário com a desculpa da consciência calada.
Sua aleivosia mascarada torna-se o lado oculto da verdadeira face que os oprime.
Torpes, ambos os lados convergem para o vazio produzido por seus fantasmas.
Resta a parcela de humanidade que os distingue de sua própria aberração.
Néscios felizes, que do alto de suas torres ocultam o porão da mísera sapiência.
Tristes argutos, ávidos pelo machado, descem de suas causas vestidos com sua púrpura ideologia
Na fiabilidade de que o brilho desta abrirá o porão da miséria, traindo os olhos já distantes dos marchantes desvairados.
E de quem é a culpa? Quem se responsabilizará ao término do caminho?
Não há culpados, só expectadores.
Enquanto a tragédia registra seus contornos na fina seda da história
A grande horda se distingue em blocos uniformes
Assistindo jubilosamente o desfecho do inevitável.
Estamos todos sob o jugo da culpa.
De mãos manchadas marchamos rumo ao vazio criado por nossas férteis ideias.
E o que cabe aos “des-afiados”?
Sua pecha reluz como marca da incompetência deflagrada.
Será que aspiram conduzir os néscios?
E quem os conduzirá?
Quem, por direito e verdade, revelou alguma vez a incontestável fatuidade da direção?
Quem desafiará o incontestável, se esse houver?
Nada mais que a alternação será trazida.
Pérfidos muros se escondem sob os pés dos “des-afiados”.
Há quem acredite em sua própria pandora
Pretendendo fazer emergir do porão da miséria a derradeira marcha.
Quão triste é a cadência da consciência!
Voltada para si, nada enxerga! Posta sob o olhar do outro se aniquila! Eis a sua sina.
E o que dizer dos “des-afiados”?
Sua fútil esperança é ceifada pelo pessimismo dos solitários.
Do alto de sua vil pretensão, mascarada pela aversão a seu objeto, deitam o olhar sobre os marchantes como o lobo sobre a vítima.
Majestoso estandarte de nossa condição, postam-se como capazes de interferir na marcha,
mas regozijam-se de suas cátedras como os deuses de suas façanhas.
A quem recorrer? Correr?
Desde o alto das torres empedernidas com o brilho dos fantasmas às profundezas do enrijecido porão da mísera verdade, saltam os mesmos olhos em direção ao vazio na ilusão de dirigirem sua jornada rumo ao horizonte.
Estão todos desafiados!

Thiago Oliveira

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