sábado, 1 de maio de 2010

Poesias

A causa e a pena

A pena está pesada, o tempo está pesado

A resposta tarda.

Eu do lado de cá com cem grãos de consciência e o vazio me incomoda.

Não é o humor, não é o temperamento, apenas não é.

E o tempo pesa.

Consome cada grão num anuncio desesperado.

E a resposta tarda.

Intruso, o devaneio se põe a silenciar o peso que se mascara.

Mas o tempo não permite, e a resposta é falha.

Sob que comando a pena volta a deslizar?

Uma afronta a este peso seria o declínio?

Seria, pelo menos?

Os grãos se espalham e marcam os passos pesados em minha direção.

Surdez e cegueira já não é má opção.

Por que voltou a deslizar?

Agora não é só o vazio que incomoda, como se seu oposto pudesse gerar o mesmo desconforto.

“_ Se apegue aos clichês!”, grita o grão da esquerda.

Mas a pena pesa, e a resposta tarda.

E na esperança do vazio, que já não incomoda mais, tento ocultar o declínio.

E me apego com força de que não só eu e os grão saberemos.

Mas o tempo pesa, e a certeza é falha.

Não é medo da causa, mas de admiti-la.

Como se evitar as consequências apontasse a contramão do declínio.

Agora será assim.

Ao acordar a pena, cada passo pesado será marcado com um grão.

Mas o devaneio insiste em interromper.

Como se eu não soubesse de sua armadilha preparada a cada curva marcada.

Seu acordo com o tempo permitia a ilusão.

Sob a pena ainda julgo registrar passos escuros.

Não é o acordo do devaneio, mas meu com o tempo, se ele aceitar.

Pelo menos pareço não fingir.

“_ Deixe ao intérpretes, eles dirão!”, diz o grão da direita.

Mas a pena pesa e a certeza é falha.

E não é que o sarcasmo se tornou a fuga.

O tempo todo, mesmo sob o peso que marcara os grãos, foi a resposta que antes tardara.

Thiago Oliveira.

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